27 de set. de 2010

O Mundo de Sofia


Uma verdadeira aula de filosofia, quase didática, e até mesmo quem não se interessa por filosofia em si, vai gostar do romance por trás da aula.
Passando por Sócrates, Aristóteles, Santo Agostinho, Locke, Kant, Hegel, Marx... temos nesse livro uma ampla leitura do pensamento humano. Pode-se ser considerado “maçante” em algumas partes, por não ser a filosofia uma linguagem de domínio muito popular, mas se nos deixarmos envolver, nem que seja pela curiosidade de aprender um pouco mais sobre o assunto, ou simplesmente pela história de uma adolescente que se vê diante de uma mudança fantástica em sua rotina, de forma alguma o consideraremos um livro “chato”.
Meus "únicos senãos" são uma certa inclinação tendenciosa para o Cristianismo, acho que poderia ser mais isento nesta questão religião e a constante apresentação de algumas opiniões como verdades absolutas.
Mas partindo do principio que é a defesa de uma ideologia, pode-se entender essa postura.
As descobertas de Sofia e o dilema existencial que ela descobre no decorrer da história, são o truque de mestre para mesclar filosofia e romance de uma forma inteligente, especial, “viajante”!!


Mas uma coisa que me despertou uma reflexão constante durante a leitura, foi o fato deste livro ser considerado literatura infanto-juvenil. Infanto-juvenil na Noruega não é? Onde foi publicado originalmente, pois aqui no Brasil, com o sistema educacional que temos, dificilmente nossos adolescente seriam incentivados a ler um livro com essa temática.
Não, não é um livro difícil, e sim, um adolescente o entenderia de forma fluída, mas (me dói esse mas) não é a nossa realidade educacional, onde grande parte de nossos adolescentes mal sabe o que é filosofia, onde a educação pública não estimula a leitura e onde os pais não tem esse hábito, porque por sua vez, também não tiveram este estímulo.
Claro que quem tem acesso à uma educação de melhor qualidade, um ambiente familiar onde a cultura é incentivada terá exponencialmente maiores probabilidades de apreciar um livro como este, ou qualquer outro livro. E isso não é tarefa exclusiva das escolas, tem que começar por nós, pais.
Parece óbvio, mas infelizmente não o é em um país onde uma enorme parte da população adulta afirma não gostar de ler ou não conseguir entender o que lê, onde pais ensinam aos filhos de dois anos músicas com altíssimo teor  sensual, quase pornográfico. Onde professores mal têm material didático regular disponível, quem dirá incluir “O Mundo de Sofia” na grade de estudos...
Falando nisso, você já abraçou seu filho hoje?? E já deu uma porção de cultura para ele hoje?? Tão importante quanto...

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