30 de mar. de 2011

Sobre-vida


Acostumar-se com a dor não é opção
É sobrevivência
Pois nada fará com que ela acabe
Diminua, melhore, se vá...
Não há escolha em acostumar-se ou eliminá-la
Há a imposição:
Ou se vive com ela ou morre-se
E morrer também não é opção viável
Tenho ainda muita coisa a fazer
Então ela sempre está aqui comigo,
Fazendo parte de mim, aninhada
Tão parte de mim que você nem percebe
Disfarço bem...
É dia-a-dia, um dia de cada vez
Às vezes ela tenta se posicionar a frente
Mas não permito, não mais,
Pois se já tenho que abrigá-la
Ela tem, pelo menos, que me deixar imitar alguns sorrisos.

26 de mar. de 2011

Deleite!!!!

Ella Fitzgerald e Louis Armstrong - Summertime


Não há o que dizer, apenas ouvir... voz de veludo, voz rouca, instrumento perfeito, melodia, som, som, música... divina, diva, divinos!!!

Me calo e ouço, choro, emociono!!!

Só a música liberta.

20 de mar. de 2011

Palavras, palavras, palavras...

Queria as palavras, gosto de ouvi-las, vê-las, senti-las. Queria ter uma de suas musas e poder juntá-las até um sentimento fazer sentido.
 
Elas brincam soltas em mim, rodopiando numa linda dança, dança cigana de ir e vir, surgem  diante dos meus olhos e preenchem meu ouvidos, correm na minha mente e fico na ilusão de tentar juntar, unir, ligar, mas nunca prender pois livres que são, não aceitam correntes, já são o elo uma da outra, são livres...

Tento em frases e linhas... já pensei até construir uma casa para muitas morarem juntas e criar uma história, mas a mim isso não cabe, elas sabem me iludir. Vem e vão, bailam, se mostram e voam.

Algumas voltam, algumas se disfarçam, outras se escondem, mas nunca se apagam, estão sempre ali, soltas, desconexas, difusas, sorrindo para mim e rindo de mim, juntam-se por alguns instantes em que consigo pô-las em meu colo e me deleito vendo no que se transformam. Um bando brinca de melodia e se transforma em música, outro vira forma e traduz a imagem, outro quer ser o maior bando e de tanto e tanto que se juntam viram um contos e livros.
 
Algumas são pássaros que se empoleiram em meu ombro e cantam, trinam, melodiam, cotoviam, beijão-flores... fertilizam-me a mente e me levam nas asas, tão alto que chego a contemplar sua majestade.
 
Amo-as tanto que queria eternizá-las, mas meus sentidos não podem traduzi-las e o Universo não cabe numa folha de papel... não sei nem se tenho direito de ter o dom, mas queria que elas fizessem passagem em mim e de mim jorrassem ininterruptas de volta para o infinito.
 
Não tenho a pretensão de domá-las ou moldá-las a meu bel prazer, apenas queria que elas me ensinassem a brincar com elas de ciranda.


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