15 de nov. de 2010

Metade


Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio

Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

de Oswaldo Montenegro

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Esse poema com certeza vai para a série de coisas que falam por mim melhor que eu mesma... 

A simples genialidade com que algumas coisas são escritas me dá, nunca inveja, bem mais que admiração, mas principalmente uma vontade absurda de saber escrever tão bem assim!!!

Para mim é lindo ver letras formando palavras, que formam frases, que formam poemas que se transformam em e transformam sentimentos.


11 de nov. de 2010

Queria ser Música


Queria ser música, me transformar em som.
Amo música, não toco nada e canto muito mal, mas a sensação da música faz parte da minha essência.
Música, como toda forma de arte, eleva o espírito humano a um estágio sublime, mas a música é um algo a mais... eleva, enleva e leva à outros planos. Música é oração!!
Não sou, infelizmente, musicista mas queira ser música.
Queria ser notas e acordes, pauta, timbre e voz, e poder ser levada pelo Universo afora, transportada pelo tempo, pelo ar, por ondas sonoras e templos acústicos. Sintetizada em alguma freqüência que tocasse o coração e acalentasse a alma.
Despertar sentimento, quaisquer, pois o que importa é sentir.
Queria ser música para me perder na vibração dos mundos e me achar na eternidade inerente à canção. E assim estar viva para além do fim do sarau.
Queria ser música para ele também sempre lembrar de mim...
E para você que me conhece, que música eu seria??



10 de nov. de 2010

Ventania


Muito do que acrescentei ao meu conhecimento musical nos últimos tempos devo à uma pessoa em especial, um grande amigo, um irmão de alma e alguém de um talento enorme.
O meu “traficante de cultura” me fornece doses elevadas de música na total essência da palavra.






Essa composição é dele, Roberto Ferreira, com letra perfeita de seu amigo Celso Esteves Júnior na voz sensacional de outra grande amiga Raquel Rouco.
Música, música, música, sempre música e um dom indiscutível... sem palavras para descrever o privilégio de compartilhar da amizade de uma pessoa assim.

9 de nov. de 2010

As Brumas de Avalon


São quatro livros, assim com as quatro faces da Deusa... mudou minha forma de ver Deus, apesar de ser um romance, uma idealização, me abriu não portas, mas portais.
Para mim foi muito mais crível a versão feminina do que a masculina da história do Rei Arthur (porque será hein??) e eu “fui” para Avalon todas as três ou quatro vezes que li a série completa, tive que ser obrigada quase que a força a devolver os livros, todas às vezes e logicamente acabei comprando os exemplares para ter o meu portal particular nas próximas, sei lá, vinte vezes que tornar a ler. É uma obra de 1979 da escritora Marion Zimmer Bradley.

Me fez praticamente criar minha própria religião. Me fez entender que o equilíbrio é necessário e que para que venha o equilíbrio, o Deus deve reencontrar com a Deusa.
Dá para quase acreditar na lenda de Morgana!

"Morgana fala...
Em vida me chamaram de muitas coisas: irmã, amante, sacerdotisa, maga, rainha. Na verdade, cheguei agora a ser maga, e poderá vir um tempo em que tais coisas devam ser conhecidas. Verdadeiramente, porém, creio que os cristãos dirão a última palavra. O mundo das fadas afasta-se cada vez mais daquele em que Cristo predomina. Nada tenho contra o Cristo, apenas contra os seus sacerdotes, que chamam a Grande Deusa de demônio e negam o seu poder ao mundo. Alegam que, no máximo, esse seu poder foi o de Satã. Ou vestem-na com o manto azul da Senhora de Nazaré - que realmente foi poderosa, ao seu modo -, que, dizem, foi sempre virgem. Mas o que pode uma virgem saber das mágoas e labutas da humanidade?"


Vou reler (mais uma vez) “As Brumas” e conto como será a viagem desta vez. Sei que é um livro vem conhecido, portanto minha intenção não é contar o livro e nem comentá-lo, é apenas compartilhar a minha viagem com ele.

“Todos os deuses são um deus, e todas as deusas são uma deusa, e há apenas um iniciador. E cada homem a sua verdade, e Deus com ela”.

7 de nov. de 2010

Porque os Príncipes só casam com as Princesas?

Estive “revisando” os contos infantis e notei que por mais que o príncipe encontre a linda garota dos seus sonhos e se apaixonem e saiba que ela é mulher da sua vida, só fica com a sua alma gêmea quando a mesma se torna de fato princesa, com título de realeza provado e comprovado
A história se repete, o casamento só se realiza e o felizes para sempre só é dito quando por alguma obra de magia, milagre, descoberta do passado ou alguma graça da fada madrinha a alma gêmea se torna princesa de coroa, cetro e hereditariedade, mas antes disso, apesar de todo amor, reza a lenda que ela tem que virar princesa ou a união será impossível, pois ele é um príncipe que deve preservar a “honra do sangue real”.
Alguém sabe de algum conto onde o príncipe se casa com a mulher antes de ela virar princesa? Se souberem me contem, pois eu não me lembro de nenhum...
Na vida real é assim também?? Se for, a coisa fica mega complicada, pois não tem fada madrinha, não tem mágica e ninguém descobre que é uma princesa esquecida da noite para o dia.
Eu queria saber por que o príncipe não pode ficar com mulher de sua vida mesmo que ela não se torne princesa de fato. Ou porque a princesa não pode amar o plebeu sem que ele tenha que provar com diversas provas e atos de bravuras impossíveis que é digno de ser um príncipe ou que vire um, também com algum recurso mágico?? Porque não ficarem juntos simplesmente por amor??
Saindo dos contos de fadas, nem precisa ser um príncipe montado no seu cavalo branco com sua espada em punho pronto para me salvar, até porque não sou uma princesa de coroa dourada, mas que me aceite e respeite como eu sou e com toda a bagagem de onde vim. Ninguém deveria arvorar o direito de mudar outrem.
E se ele for um príncipe ou se ela for uma princesa... e se o outro for plebeu, não poderiam ser simplesmente serem dois que se amam??